23/04/20


Com a aproximação do dia do nascimento o nervosismo é natural, mas quando esse dia se aproxima no alto de uma pandemia, a tensão bate recordes.

Certamente como nós, muitos os que vivem ou viveram recentemente a reta final de uma gravidez, já se aperceberam que não é, de longe, o melhor momento para trazer alguém ao mundo. Com o crescimento dos casos confirmados de Covid-19, a inquietação e as insónias sobem em flecha.

A nossa experiência coincidiu possivelmente com as 3 semanas com mais alterações de sempre, dentro e fora do hospital.

Como pai que entretanto já sou, posso dizer que entrei com normalidade no primeiro dia, mas as restrições e limitações de tempo foram aumentando. De duas visitas diárias anteriormente normais, passou-se a visita única. O uso da máscara, de desnecessário passou a recomendável e hoje é mesmo obrigatório.

Na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais e Pediátricos (UCINP), os visitantes facilmente se confundem com os profissionais de saúde, com a utilização exigida de bata esterilizada e máscara. Os cuidados de higiene são obrigatórios e recorrentes durante a permanência e seguidos à risca quer pelos visitantes, quer pelos auxiliares, quer pelos enfermeiros, quer pelos médicos.

Durante este período, fomos surpreendidos por uma espécie de caça-fantasmas em desinfestação que bloqueou temporariamente o acesso ao hospital, o mesmo que acolhe e acompanha os casos mais críticos das vítimas do Covid-19.

Nas estradas, a circulação cautelosa, mas possível, da época, com a aproximação da Páscoa passou a ser controlada que nem fronteira.

Mas descansem os futuros papás. Os cuidados redobrados do nosso serviço hospitalar, aliado à atenção que os profissionais transmitem, fazem-nos esquecer os constrangimentos que se vivem lá fora! Acreditem que lá dentro, as mães são tratadas com a atenção devida pelos excelentes profissionais que se misturam no serviço de Obstetrícia, desde o lado nascente das puérperas até ao lado poente, onde com carinho incansável se encontram os profissionais da UCINP.

Uma maratona de 3 semanas por cá, de manhã à noite, a acompanhar o nascimento e as primeiras conquistas dos nossos rebentos (sim, porque foram 2!) permitem-me avaliar com nota alta, cada tarefa que por aqui é desenvolvida e a simpatia com que nos brindam.

Não se deixem intimidar pelo medo. Protejam-se e desfrutem do momento com calma. Tudo o resto são peanuts! Afinal a alegria do nascimento ultrapassa as dificuldades de todos estes e quaisquer dias.

Élio Pereira

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