26/02/20



4h00 da manhã. Dia 3 de fevereiro de 2020. O inverno ganhou temperatura e o calor virou inferno na Ponta do Pargo, freguesia mais a oeste da Calheta, depois de deflagrar um incêndio, com ignição suspeita, numa zona florestal.

As sirenes soaram alto, num desfile madrugador com partida fugaz desde o quartel dos Bombeiros Voluntários da Calheta. Para reforçar o combate, à corporação da Calheta juntaram-se, progressivamente, as equipas de São Vicente e Porto Moniz, Câmara de Lobos, Voluntários Madeirenses e os Sapadores, assim como o Corpo da Polícia Florestal, o Comando Regional de Socorro, o Serviço Municipal de Proteção Civil da Calheta e toda a população desta freguesia.

A verdadeira prova de fogo surgiu com o aproximar de habitações, onde largas dezenas de efetivos e viaturas lutaram, noite e dia, numa maratona que parecia não ter fim.

Após 3 dias de combate às chamas descontroladas, de isolamento e sobressaltos constantes, felizmente chegou ao fim sem baixas mortais, mas com feridos, centenas de hectares ardidos, assim como casas devolutas, palheiros e certamente animais.

Será certamente unânime a ideia de que tudo poderia ter sido pior se o empenho evidenciado pelos soldados da paz não tivesse, uma vez mais, a entrega a que nos habituam nestas situações.

Se me permitem, como calhetense, seria injusto não puxar as brasas para enaltecer o trabalho da corporação da Calheta. Uma equipa que foi fundada em 1992, exatamente a 21 de maio, e que desde então é responsável por um conjunto de missões de proteção e salvamento de todo um concelho, realizado continuamente com o máximo profissionalismo e qualidade.

A lista de ações é enorme. Desde o trabalho feito na prevenção e combate de incêndios, passando pelo salvamento em casos de acidentes ou catástrofes, pelo socorro e transporte de necessitados e até pela realização de simulacros de prevenção contra riscos. Esta coletividade de 27 anos, que por vezes só é lembrada quando a necessidade vira urgência, torna-se merecedora de qualquer distinção de grande nome, pelo importante papel que tem na sociedade. Os melhores bombeiros estão mesmo aqui!

Com as fantásticas “novas” instalações, não é o famoso e formoso presépio realizado anualmente na época festiva que mais os realça. É a coragem, a determinação, a entrega diária e a forma como dedicam grande parte das suas vidas para ajudar os outros, que verdadeiramente os distingue!

Que a vossa bandeira seja hasteada bem alto e que a vossa chama nunca se apague!

Élio Pereira


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